08/04/07

Música em tempo de Páscoa V

Para concluir a música em tempo de Páscoa propõem-se, de novo, duas obras.

Bach, para concluir como se começou. Neste caso, o Oratório de Páscoa (Osteroratorium). O CD está integrado na Bach Edition, da etiqueta Brilliant. Como curiosidade, refira-se que a Bach Edition, a edição completa de Bach, é composta por 155 cd’s. É uma edição, do ponto de vista económico, bastante acessível (na amazon está a ser vendida a cerca de 150 €, embora quando comprei, na altura do lançamento, o preço fosse bastante mais baixo, julgo que não chegava a 90 €). Este tipo de edição tem tantos defensores como detractores, nomeadamente entre os especialistas em música erudita. Para o ouvinte comum, julgo ser uma excelente porta para a obra do compositor alemão. Por norma, as edições da Brilliant, apesar do seu reduzido preço, apresentam bastante qualidade.

A gravação deste oratório é de 1999, feita na igreja de Pforzheim, Alemanha. Foi dirigido pelo Prof. Rolf Schweizer. Christine Brenk (soprano), Anne Greiling (alto), Frank Bossert (tenor) e Thomas Pfeiffer (baixo) são os intérpretes.

A segunda proposta parece nada ter a ver com a Páscoa. É ópera de Mozart, A Flauta Mágica, filmada por Ingmar Bergman. Se esta obra apresenta marcados caracteres maçónicos e iluministas, não deixa, no entanto, de ser possível aproximá-la da Páscoa cristã. O que na ópera está em jogo é a iniciação do herói, Tamino, à sabedoria. Esta iniciação, na leitura de Bergman, passa pela experiência simbólica da morte em imagens que remetem tanto para o Inferno, de Dante, como para o mito de Orfeu. Ao vencer a morte, o herói acede à vida verdadeira, à luz da sabedoria. Toda a temática é analogável à paixão do Cristo.

Pequenos óbices: 1. a ópera, nesta encenação cinematográfica, é cantada não em alemão, mas em sueco; 2. existem no mercado edições com interpretações bastante mais convincentes; 3. a fixação da imagem em DVD não é muito boa.

A arte de Bergman e o encanto da obra de Mozart superam tudo isso. Vi no cinema, no velho Virgínia, acerca de 30 anos e foi para mim uma autêntica revelação. Tornei a vê-la, agora, em DVD e o encanto permanece intacto. Está legendada em português.

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