Do interesse em política
Fala-se muito de interesses em política. Por norma, associa-se a «interesse» o ganhar vantagens financeiras devido à função que se exerce. Mas essa é apenas um parcela diminuta do vasto continente dos «interesses» que se jogam na acção política. A produção da boa consciência, o engrandecimento do ego, corroboração da sua existência através do reconhecimento feito por «amigos» e «inimigos» políticos são outros tantos interesses que fundam a acção dos agentes políticos. Esta é a parcela a que os antigos chamavam glória. Do ponto de vista moral, são tão imorais quanto as vantagens financeiras, pois todos eles radicam, por muito que o neguem, no engrandecimento do ego próprio.
Relativamente à política, há três possibilidades. A primeira é a indiferença da massa. Aqui sofre-se a política como algo exterior. Na atitude passiva a política é ressentida como pura estranheza, como algo que cai sobre a pessoa e, de certa forma, a esmaga. Os elementos da massa apenas aspiram a libertar-se do peso da política.
A segunda possibilidade é a da participação activa do jogo político. Aqui a política é sentida como aquilo que lhe é próprio e a forma como o ego se realiza. É o lugar da paixão pura pelo poder, ou da luta por ele. O equívoco de Platão foi pensar que poderia tornar o exercício do poder como um lugar «desapaixonado» e «desinteressado», como um lugar puro de serviço à comunidade. Mas não há política sem paixão e esta é sempre um sintoma dum ego em busca de afirmação ou de confirmação.
A terceira possibilidade é a de olhar a política como espectador comprometido. Comprometido porque sabe que a política é estruturante da vida comunitária e não tem a fantasia de poder escapar aos seus efeitos; espectador porque não toma, activa e deliberadamente, parte nela. O importante, neste caso, é observar, sem qualquer ilusão, a comédia humana que se desenrola sob a proclamação das boas intenções. Só aqui é o lugar da não paixão. Este lugar é idêntico ao daquela pessoa que vai ver um jogo de futebol sem simpatizar com qualquer das equipas em confronto. Vai apenas ver.
No mundo de hoje, não fazem falta agentes políticos. Faltam, porém, espectadores. Corre-se o risco do jogo morrer por falta de quem o possa ver.
Relativamente à política, há três possibilidades. A primeira é a indiferença da massa. Aqui sofre-se a política como algo exterior. Na atitude passiva a política é ressentida como pura estranheza, como algo que cai sobre a pessoa e, de certa forma, a esmaga. Os elementos da massa apenas aspiram a libertar-se do peso da política.
A segunda possibilidade é a da participação activa do jogo político. Aqui a política é sentida como aquilo que lhe é próprio e a forma como o ego se realiza. É o lugar da paixão pura pelo poder, ou da luta por ele. O equívoco de Platão foi pensar que poderia tornar o exercício do poder como um lugar «desapaixonado» e «desinteressado», como um lugar puro de serviço à comunidade. Mas não há política sem paixão e esta é sempre um sintoma dum ego em busca de afirmação ou de confirmação.
A terceira possibilidade é a de olhar a política como espectador comprometido. Comprometido porque sabe que a política é estruturante da vida comunitária e não tem a fantasia de poder escapar aos seus efeitos; espectador porque não toma, activa e deliberadamente, parte nela. O importante, neste caso, é observar, sem qualquer ilusão, a comédia humana que se desenrola sob a proclamação das boas intenções. Só aqui é o lugar da não paixão. Este lugar é idêntico ao daquela pessoa que vai ver um jogo de futebol sem simpatizar com qualquer das equipas em confronto. Vai apenas ver.
No mundo de hoje, não fazem falta agentes políticos. Faltam, porém, espectadores. Corre-se o risco do jogo morrer por falta de quem o possa ver.
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