Vida de Pirro
Pirro de Eleia (...) começou, segundo Apolodoro, por ser pintor e aluno de Bryson, filho de Stilpon. Depois acompanhou, por todo o lado, Anaxárco, seguindo-o até aos gimnosofistas da Índia e aos magos, de onde retirou a sua notável filosofia. Introduziu a ideia de que não se pode conhecer nenhuma verdade e que é necessário suspender o juízo, como o ensina Ascânio de Abdera. Sustentava que não havia nem belo nem feio, nem justo nem injusto, que nada existe realmente e de uma maneira verdadeira, mas que em todas as coisas os homens se governam segundo o costume e a lei. Pois uma coisa não é mais isto do que aquilo. A sua vida justificou as suas teorias. Não evitava nada, não se defendia de nada, suportava tudo, a ponto de ser atropelado por um carro, de cair num buraco, de ser mordido por cães. De uma maneira geral, não confiava nos seus sentidos para nada. Era, porém, protegido pelas gentes que o acompanhavam e que relatam que ele filosofava segundo o princípio da dúvida, sem agir com imprudência. Viveu cerca de 90 anos.
(Diógenes Laércio, “Vidas, doutrinas e sentenças de filósofos ilustres”)
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