António Franco Alexandre - Duende - 39
Já proibi as letras e as imagens
e até o horizonte, azul-tranquilo,
penso bani-lo um dia, como o erro
que se corrige a tempo num esboço.
Se do poço te ergui, foi distraído
pelo suor maligno em que dormias,
julgando que mais tarde poderia
consertar o defeito de fabrico.
Agora me arrependo de ter dito
verdadeiras palavras ao ouvido
de cego e desastrado demiurgo;
vou fechar para férias o universo
e levar-te num verso com a vida
à oficina das falhas e perdidos.
António Franco Alexandre (2002). Duende. Lisboa: Assírio & Alvim.
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