05/03/07

O superpolícia do governo e a minha brotoeja

A ideia da criação de um superpolícia (um secretário-geral) que coordene todas as forças policiais, sob a mão do governo, é algo que me deixa particularmente incomodado. Há qualquer coisa nesta geração de políticos socialistas que desliza sorrateiramente para situações de profunda ambiguidade...

A coisa não é nova. Já no governo de Guterres, não no próprio, mas num conjunto de jovens turcos de então se notava uma certa tendência desagradável para uma concepção de liberdade longe daquela que foi a de Mário Soares. Não eram factos, era mais uma espécie de sombra, uma inclinação. Notava-se, aqui e ali, uma certa pesporrência, um gosto pela criminalização, uma tendência para o controlo.

Esta sombra está de novo presente. Não é nada de muito definido, mas há qualquer coisa no ar que parece uma ligeira ameaça, um certo ar de desprezo pelos adversários, uma falta de respeito pelas pessoas, um erguer a mão do poder (dada pela maioria) de forma altiva, um tratamento dos que se opõem política ou socialmente como se de um bando de mentecaptos ou de parasitas se tratassem. Humilham-se, por questões tácticas, grupos sociais. Discretamente, mas de forma desagradável, o ambiente torna-se pesado. Um vácuo moral perigoso, ainda indefinido, parece crescer na vida pública.

Eu que me habituara a ver no Partido Socialista, devido a Mário Soares, um campeão das liberdades, confesso que quando olho para actual geração de governantes socialistas sinto brotoeja. Que a coisa não é boa, não é. A sensação é desagradável e quanto mais se coça…

Onde poderá chegar um governo, este ou outro, com um superpolícia à mão?

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