26/03/07

12 Poemas sob Il Canto Sospeso, de Luigi Nono

Com “Sofia, Zentralgefängnis 22. Juli 1942 etc.” começamos (ver mais abaixo) hoje a publicação de 12 Poemas sob Il Canto Sospeso, de Luigi Nono, escritos entre Dezembro de 2005 e Janeiro de 2006. Este conjunto apresenta textos substancialmente diferentes daqueles que têm sido “postados” no blogue.

O ponto de partida é a audição da gravação ao vivo da obra Il Canto Sospeso, de Luigi Nono, tocada pela Filarmónica de Berlin, sob a direcção de Claudio Abbado. Esta obra representa um momento de compromisso entre a vanguarda serialista, à qual Nono pertence, e a tradição musical italiana, da polifonia e do madrigal.

Também a apresentação pública da obra, em 1992, conjuga um compromisso entre a leitura em alemão, por Susanne Lothar e Bruno Ganz, eu diria a sua recitação como pequenas orações, de cartas de resistentes ao nazismo a caminho da execução e a música de Luigi Nono, que evoca, também ela, esse momento da história da Europa e do Mundo. Os textos que agora se apresentam são escritos sob esse duplo influxo e na atmosfera que tudo isso induz.

Os textos intercalam por vezes expressões e vocábulos alemães e italianos na língua portuguesa. Intercalam também, apenas em dois textos, pequenas citações de Schopenhauer e de Platão no curso da textualidade poética, da qual também, por vezes, se suspendeu a gramaticalidade, ou, melhor, se deixou a sintaxe em suspenso. Muitas vezes o texto toca a rudeza da prosa. A tentativa, porventura falhada, de recriar o poético a partir destas estratégias retóricas conclui-se com um texto dedicado ao meu colega Eduardo Bento.

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