13/03/07

Leggio II

Em becos tranquilos flutuam no ar dolente
Casais de namorados tão enamorados, tão presos
Na urdidura que mãos em mãos tecem. Nem a luz
Os ilumina, passam apenas como se um jardim
Os chamasse. As casas pelos carros
Fumegadas em desvario abrem janelas, cegos olhos
Cantos onde a vida pelo tédio espreita.

Às vezes, fogem para o Castelo e choram
A dor que lhes dói. A luz ilumina as praças
Em esquadria, como se geométricas, um dia
Alguém, na ânsia de tanto ordenar, as fizesse. Barcos
Encalhados na areia, os jacarandás pelas avenidas
De Maio o fim espreitam. S. Jorge inquieto,

Firme, o dragão que à morte lhe deu vida, espera.
Quantos anos tens e assim ela mostra-lhe os dedos e
Ele conta-os, conta-os, pela tarde recoberta de luz
O Tejo a marulhar ao longe, as águas espessas
O coração ainda aberto praça desvalida sem armas
E sem tréguas ao tumulto do deus entregue.

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