16/03/07

Leggio V

Cresce, em dias de Setembro, um medo
Emaranhado nas arribas do céu. As rajadas
Abanam prédios e os muros em precário
Equilíbrio dissolvem-se. Quando chove, pela cidade

Rugem deserdados cães e o rio dilata, engrossa,
Longe lança suas redes; os homens, ínfimos
Peixes, correm rua abaixo, gritam de lama
Inundados. Como barcos pela âncora surpresos,

Carros passam na vertigem da água e em janelas
Esconsas abrem-se indelicados olhos vítreos,
Pequenas, polidas pedras e espelhadas. As dolentes

Árvores, em mansidão vegetal, cobrem
De raios incendiados as avenidas brancas
E exíguas. Ao arder, gelam desmemoriadas.

1 comentário:

jlf disse...

Belo poema.
Imagens soberbas.
Também gostei dos outros "Leggio".
Bem haja o "poeta - em si".
Mande mais.