Universidades privadas
Os recentes acontecimentos na Universidade Independente, incluindo neles o imbróglio de alegadas habilitações falsificadas, são mais um episódio, um triste episódio, do que se passa no mundo da nossa «iniciativa» privada ligada à educação. É bastante difícil articular iniciativa privada, expectativas de grandes lucros e educação de qualidade. A realidade não é elástica. Qualquer pessoa que conhecesse a realidade educativa tomaria mil cautelas ao abrir o ensino universitário à iniciativa privada portuguesa. As cautelas foram o que foram e os resultados estão aí.
Convém não esquecer que há um responsável político por tudo isto: Aníbal Cavaco Silva. Foi ele que permitiu também este monstro. O problema não está no facto de ter autorizado a abertura do ensino superior aos privados, mas na forma como o fez. Cavaco Silva é um exemplo muito interessante como fenómeno político. Muito bem preparado economicamente, julgou-se, pelo menos o eleitorado julgou, que isso seria suficiente para conduzir o país a bom porto. O que o país está a descobrir, dolorosamente, é que a cultura económica não é condição suficiente para o bom governo. Provavelmente, nem é condição necessária. Para isso basta um bom e decidido ministro das Finanças.
Cavaco, com duas maiorias absolutas, falha estrondosamente no essencial: reforma do estado, reforma da educação, reforma da justiça. Porquê? Aqui sou bastante platónico: as pessoas fazem o mal porque não conhecem o bem. A razão do falhanço do cavaquismo reside na frágil preparação política, cultural e histórica do actual presidente. Governou sem conhecer os problemas do Estado e sem saber quem são os portugueses. Cavaco via o mundo a partir da secretária de professor de economia.
Mas o mundo tem muitas coisas mais do que um economista pode compreender. Um exemplo: Cavaco é uma pessoa estruturalmente honrada. Se pensasse em criar um Universidade privada, nunca lhe passaria pela cabeça que ela não fosse um lugar sério e rigoroso. Se Cavaco soubesse alguma coisa do mundo e conhecesse a realidade portuguesa, essa possibilidade ter-lhe-ia passado imediatamente pela cabeça. Talvez as leis que regulam esse sector do ensino superior e as práticas de avaliação dessas instituições fossem muito mais rigorosas. Talvez a abertura desse género de instituições exigisse um outro tipo de garantias financeiras, técnicas e científicas. Se isso acontecesse talvez hoje existissem apenas duas ou três universidades particulares, mas de grande qualidade e solidamente fundadas na prática científica e pedagógica. Cavaco permitiu o mais fácil. O resultado está à vista de todos…
Convém não esquecer que há um responsável político por tudo isto: Aníbal Cavaco Silva. Foi ele que permitiu também este monstro. O problema não está no facto de ter autorizado a abertura do ensino superior aos privados, mas na forma como o fez. Cavaco Silva é um exemplo muito interessante como fenómeno político. Muito bem preparado economicamente, julgou-se, pelo menos o eleitorado julgou, que isso seria suficiente para conduzir o país a bom porto. O que o país está a descobrir, dolorosamente, é que a cultura económica não é condição suficiente para o bom governo. Provavelmente, nem é condição necessária. Para isso basta um bom e decidido ministro das Finanças.
Cavaco, com duas maiorias absolutas, falha estrondosamente no essencial: reforma do estado, reforma da educação, reforma da justiça. Porquê? Aqui sou bastante platónico: as pessoas fazem o mal porque não conhecem o bem. A razão do falhanço do cavaquismo reside na frágil preparação política, cultural e histórica do actual presidente. Governou sem conhecer os problemas do Estado e sem saber quem são os portugueses. Cavaco via o mundo a partir da secretária de professor de economia.
Mas o mundo tem muitas coisas mais do que um economista pode compreender. Um exemplo: Cavaco é uma pessoa estruturalmente honrada. Se pensasse em criar um Universidade privada, nunca lhe passaria pela cabeça que ela não fosse um lugar sério e rigoroso. Se Cavaco soubesse alguma coisa do mundo e conhecesse a realidade portuguesa, essa possibilidade ter-lhe-ia passado imediatamente pela cabeça. Talvez as leis que regulam esse sector do ensino superior e as práticas de avaliação dessas instituições fossem muito mais rigorosas. Talvez a abertura desse género de instituições exigisse um outro tipo de garantias financeiras, técnicas e científicas. Se isso acontecesse talvez hoje existissem apenas duas ou três universidades particulares, mas de grande qualidade e solidamente fundadas na prática científica e pedagógica. Cavaco permitiu o mais fácil. O resultado está à vista de todos…
2 comentários:
Mereceu bem a transcrição, hoje, no Público.
Cautelas?
Ah, sim. Estou a ver.
Estão aí os resultados?
A procissão já terá chegado ao adro?
Fique bem
JL
Caro JLF,
Obrigado por me ter alertado para a citação do blogue no Público de hoje. Por acaso, não tinha passado naquela página.
Também nunca imaginei que «isto» se lesse fora de um restrito círculo em TN, ou pouco mais.
Já agora, a procissão nunca vai chegar ao adro, pois a ideologia destas universidades privadas está a contaminar as públicas. É o espírito do tempo.
Um abraço,
JCM
Enviar um comentário