01/07/09

Sarkozy - cultura e civilização


Esta intervenção do Presidente francês é um exemplo claro e distinto do problema aqui focado sobre a distinção, segundo Leo Strauss, entre cultura e civilização. É provável que a tradição inglesa jamais venha a pôr o problema neste pé, é provável que exista em Inglaterra um espírito de tolerância para com as diferenças culturais e uma aceitação do multi-culturalismo que não é exibida aqui por Sarkozy. Mas também é provável que esse espírito se funde na condescendência e, em última análise, no desprezo pela sorte daquelas que estão submetidas à cultura vigente em certos meios sociais muçulmanos. A aparente intolerância de Sarkozy revela um profundo respeito pelas liberdades individuais e, fundamentalmente, pela liberdade da mulher. E há uma coisa em que Sarkozy tem razão. Não devemos ter vergonha dos nossos valores nem de os defender. Acrescento eu: esses valores têm um carácter universal e visam o respeito pelos indivíduos, independentemente da cultura ou da religião de origem. São valores que promovem a civilização, tal como Leo Strauss a entende, mesmo que para isso combatam certo tipo de valores culturais.

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