06/07/09

Vergílio Ferreira - História

Política. É a forma mais à mão de se ser História, Mónica, de ter a História a trabalhar por conta, de empernar talvez com ela e ir com ela para a cama, mesmo que depois nos corneie — e desculpa a metáfora (é metáfora?) É a forma mais visível de o destino parecermos nós e mesmo de não haver mais História depois de nós para historiar. Porque nós estamos no limite e o que se segue já não existe, que engraçado. E se existe é na forma de lhe darmos ordens para cumprir depois, meter o futuro aos varais ao nosso mundo. Porque entretanto a História foi-lhes tramando a vida na própria vida que engendraram e o futuro a vem a fazer-lhes em cima — desculpa, querida. [Vergílio Ferreira, Em Nome da Terra. Quetzal: 84]

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