Novas Oportunidades em avaliação
Há muito que não dou qualquer crédito, em termos educacionais ou políticos, ao Engenheiro Roberto Carneiro. A sua imensa obra, infelizmente ela é imensa, na área da educação teve um efeito político maléfico, e é o menos que se poderá dizer, sobre o sistema educativo nacional. O facto de ter aceite o papel de avaliador-mor das Novas Oportunidades não reforçou o prestígio nem dele nem dessa invenção saída das mentes brilhantes que conduzem a propaganda socialista. Ora, perante a evidência de as Novas Oportunidades terem pouco impacto no mercado de trabalho, o que diz a avaliação dirigida por Roberto Carneiro? Leia-se isto: "Contudo, para os autores, os ganhos na auto-estima dos participantes é um dos efeitos que mais compensaram e que poderão mudar as empresas."
As Novas Oportunidades são assim uma espécie de psicanálise para os pobres. Não tornam as pessoas mais eficientes e mais preparadas, mas resolvem os traumas de infância, as frustrações sociais, algum complexo de édipo não desfeito. Não havendo evidências sobre a repercussão de tão extravagante programa no mundo do trabalho, para onde ele supostamente se dirigiria, os avaliadores externos especulam sobre a relação entre os ganhos na auto-estima e a futura mudança das empresas. O nível da avaliação roça então a leitura do voo das aves, das entranhas dos pássaros, ou das cartas do Tarot.
Mas o "estudo" não poderia deixar de tocar os sistemas tradicionais de ensino e sobre eles verter o já tradicional fel que infesta as mentes sócio-eduquesas. "80 por cento dos que completarem o programa consideram que o ensino é igual ou melhor que o regular."
Seria interessante saber o percurso escolar desses 80% no ensino regular, bem como a sua atitude em sala de aula e perante o trabalho que a escola regular exigia. Que validade tem esta apreciação feita por pessoas que não frequentaram o ensino regular ou que tiveram insucesso nele? A avaliação que permite respostas destas também faz parte do programa de elevação da auto-estima? O que pretende a equipa do Engenheiro Carneiro? Propor a transformação do ensino regular em cursos das Novas Oportunidades?
É pena que o Engenheiro Roberto Carneiro tenha perdido uma nova oportunidade para estar calado e não fazer mais mal do que já fez ao sistema educativo nacional. É pena...
1 comentário:
Meu caro Jorge Carreira:
Publiquei este seu texto, notável como sempre, na minhapágina do Face book.
Recebeu a crítica que a seguir transcrevo
"António Arlindo às 22:32 de 14/7
Que pena este senhor n... Ler maisão explicar porque critica tanto o Eng. R. Carneiro e a sua obra. Porque está contra as« Novas Oportunidades», porque resume tudo á questão da «auto-estima» e defende de modo tão abstracto o ensino regular. Porque não analisa mais profundamente a questão das empresas e dos empresários portugueses não estarem a valorizar o esforço de formação dos seus trabalhadores. Limitou-se a criticar as «Novas Oportunidades» dos outros, sem saber verdadeiramente o que eles pensam sobre isso e já agora porque não tiveram as »velhas oportunidades». Não será porque tiveram que ganhar o pão de cada dia para eles e para outros? E será que nem agora têm direito á tal auto-estima, nem a alguma melhoria na sua formação? Finalmente porque não hão-de poder coexistir os dois sistemas de ensino, pelo menos enquanto tal for necessário, mesmo que ambos necessitem de algumas melhorias?"
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Um abraço
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