08/07/09

Bento XVI- Encíclica Caritas in Veritate

A nova encíclica papal, Caritas en Veritate, é uma importante reflexão sobre a questão social e mais uma prova da profundidade intelectual de Joseph Ratzinger (quem está atento à filosofia percebe mesmo como o diálogo com pensadores ateus, por exemplo, Jürgen Habermas, se encontra plasmado na carta encíclica. De certa maneira, este documento é uma releitura, à luz da contemporaneidade, da encíclica de Paulo VI, Populorum progressio. O texto é composto, para além da Introdução e Conclusão, por seis capítulos. Os seus títulos são elucidativos do desígnio de Ratzinger. Cap. I - A MENSAGEM DA POPULORUM PROGRESSIO; Cap. II - O DESENVOLVIMENTO HUMANO NO NOSSO TEMPO; Cap. III - FRATERNIDADE,DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO E SOCIEDADE CIVIL (veja-se a análise muito pertinente sobre o mercado, a sua função, a sua importância e os seus limites. Veja-se, também, como se distingue os vários níveis de justiça e como a justiça comutativa, inerente às relações de mercado, não anula, pelo contrário, acentua a necessidade da justiça distributiva e da justiça social. Quem achava Ratzinger um fascista, ou um cripto-agente do capitalismo selvagem, deve ficar espantado com esta doutrina social bem à esquerda, mais à esquerda que o nosso engenheiro e o seu partido. Todo o capítulo é, porém, uma lição de teoria política que deve deixar os nossos pseudo-liberais de cabelos no ar.); Cap. IV - DESENVOLVIMENTO DOS POVOS, DIREITOS E DEVERES, AMBIENTE; Cap. V - A COLABORAÇÃO DA FAMÍLIA HUMANA (Bento XVI escreve aqui: A humanidade aparece, hoje, muito mais interactiva do que no passado: esta maior proximidade deve transformar-se em verdadeira comunhão. O desenvolvimento dos povos depende sobretudo do reconhecimento que são uma só família, a qual colabora em verdadeira comunhão e é formada por sujeitos que não se limitam a viver uns ao lado dos outros); Cap. VI - O DESENVOLVIMENTO DOS POVOS E A TÉCNICA (aqui há uma importante reflexão sobre a questão da técnica. Escreve Ratzinger: desenvolvimento tecnológico pode induzir à ideia de auto-suficiência da própria técnica, quando o homem, interrogando-se apenas sobre o como, deixa de considerar os muitos porquês pelos quais é impelido a agir. Por isso, a técnica apresenta-se com uma fisionomia ambígua. Nascida da criatividade humana como instrumento da liberdade da pessoa, pode ser entendida como elemento de liberdade absoluta; aquela liberdade que quer prescindir dos limites que as coisas trazem consigo).

Um texto a ler aqui.

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