01/07/09

Paranóia

Há quase dois anos escrevi aqui isto. De então para cá, a paranóia do inquérito não abrandou, pelo contrário. Ontem fui com a minha mulher a uma empresa privada fazer uma operação no carro dela. No fim, entre milhares de papéis, lá veio o famoso questionário de avaliação. Era solicitada a fazer a avaliação do processo. Se alguém vem cá a casa fazer um serviço relativo ao telefone ou à Internet, sou logo solicitado a preencher, se assim o quiser, um questionário de avaliação do desempenho.

Estou farto. Se as empresas querem avaliar os seus funcionários que o façam, mas não incomodem os clientes, mesmo sob o pretexto de que a resposta é livre (era melhor que o não fosse...), com os seus problemas. Esta paranóia burocrática é insuportável. Como cliente, posso avaliar o desempenho negativo de uma operação de três maneiras. A primeira, é pedir o livro de reclamações; a segunda, é falar para um superior hierárquico do funcionário; a terceira, é não comprar mais nenhum produto ou serviço na empresa. Avalio positivamente sempre que volto como cliente. Não preciso de preencher questionários idiotas.

As empresas que pedem para que o cliente faça uma avaliação formal da relação que manteve com ela são empresas que não pensam no cliente, mas apenas nelas e na sua incapacidade de fazerem uma boa avaliação do seu desempenho. São as empresas que terão de descobrir como agradar aos clientes sem os incomodar com isso. A paranóia da avaliação tornou-se um caso psiquiátrico. E, como se vê, o problema tanto afecta as instituições públicas como as privadas. Só falta a resposta à questão sacramental: quem está a ganhar dinheiro com o fomento desta doença?

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