Raymond Aron - Intelectuais
Neste debate, Kautsky permanecia no campo do profetismo e acreditava (provavelmente bem) ser fiel ao ensino de Fr. Engels. O argumento maior contra os sindicalistas, contra os revisionistas, aquele que dá boa consciência aos socialistas cada vez que agem contra a vontade aparente do grande número, é Kautsky que o formula, antes que Lenine, no Que Fazer?, tenha dele feito o fundamento do bolchevismo: abandonados a eles mesmos, os operários não ultrapassam o trade-unionismo, aspiram à melhoria da sua condição, hic et nunc, não tomam consciência do seu dever relativamente à humanidade, a saber a destruição do capitalismo e a edificação do socialismo, da sociedade sem classes. Quem recordará aos operários o seu destino? Quem guarda a consciência da missão histórica do proletariado contra as tentações de aburguesamento? Os intelectuais. Doutrina de intelectuais, o marxismo seduz os intelectuais devido ao papel histórico que ele lhes confia e pelo qual ele os engrandece aos seus próprios olhos. Os intelectuais vão ao proletariado para o guiar, não para se instruir na sua escola. [Raymond Aron (1977), Plaidoyer pour l'Europe Décadente. Paris: Robert Laffont, pp. 51]
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