02/07/09

Um símbolo

De um arguido deve presumir-se a sua inocência. Dias Loureiro não é excepção. Mas a sua trajectória não deixa de ser um caso interessante e um símbolo da evolução do regime democrático em Portugal. Da provinciana Coimbra para Lisboa através da política. Da política para o mundo dos negócios através ainda da política. Do mundo dos negócios para os problemas com a Justiça através desse mesmo mundo dos negócios. Nas mãos do PS e do PSD, a democracia portuguesa tornou-se isto, um imenso pântano onde política e negócios se confundem e onde o país vai definhando a cada dia que passa. É possível que este tipo de condutas seja a norma na vida política. Sendo assim, porém, não consigo compreender como há ainda gente que, não estando envolvida na política, toma partido com veemência a favor ou contra um dos partidos da área da governação. A única atitude que me parece cada vez mais razoável, por parte dos cidadãos, é a crítica feroz a quem está na área do poder. A crítica significa o desejo de limitar a acção de quem "pode" ao que é essencial. Os cidadãos comuns só têm duas formas de acção política: votar e criticar. Considerando o que se tem passado, deveríamos pensar, enquanto cidadãos, que todos os governantes são culpados de abuso do poder até prova em contrário. Mas não será isto uma inversão da norma jurídica que se aplica a qualquer cidadão? Aparentemente, sim. Mas os detentores do poder não são cidadãos comuns, têm um poder de tal modo excessivo sobre todos nós, onde se inscreve o poder de fazer a lei, que há que defender a comunidade e os indivíduos da acção de quem "pode".

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