
O campo da luta de classes não tem fim. Está enganado quem pensa que ele se restringe ao mundo do trabalho, aos campos e fábricas, onde burgueses e proletários se defrontam eternamente. Não, todos os aspectos da vida são palco de uma luta
fracturante. Veja-se a alteração da estratégia onomástica das classes populares. Segundo o
Público, o povo começa a apropriar-se dos nomes que até há bem pouco tempo pertenciam às melhores famílias da pátria. Em 2008, os seis nomes femininos mais escolhidos foram Maria, Beatriz, Ana, Leonor, Mariana e Matilde. No masculino, as opções recaíram em João,
Rodrigo, Martim, Diogo, Tiago e Tomás. Esta popularização dos nomes associados a certas elites é um manobra táctica de grande significado simbólico. Ao desapossar as boas famílias da exclusividade e da diferenciação que um nome tradicional traz, as classes populares estão a obrigar as elites a refugiarem-se, para se diferenciarem, nas
Cátias, nas
Vanessas, nas
Irinas, nos Rubens, nos
Márcios, nos
Fábios. Quem, nos dias de hoje, vai chamar ao seu filho Martim ou Matilde? Como se vê, não há tréguas nesta eterna luta entre
diferenciadores e
igualitaristas.
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