Projectos, objectivos, avaliação
Este senhor, João Tiago Silveira (JTS), é o novo porta-voz do PS, para além de secretário de Estado de não sei de quê. Substituiu Vitalino Canas na função e hoje dá uma entrevista ao DN. Para além de confessar que é amigo pessoal de Manuela Ferreira Leite e da conversa de pau que seria de esperar de alguém no cargo, há na entrevista um momento que mostra a essência do espírito do tempo que nos cabe viver.
O entrevistador diz: Desculpe a frontalidade, mas quando se olha para si tem mais "pinta" de CDS-PP do que de socialista, se é que se pode dizê-lo.
Responde JTS: Eu não estou muito preocupado com aquilo que aparento, estou preocupado é com os projectos que temos de concretizar, os objectivos que definimos e a avaliação que as pessoas farão na melhoria das suas condições de vida.
A partir daqui já não vale a pena ler nem mais uma linha do que o senhor possa dizer. E esta é apenas a primeira pergunta. Eis a trilogia: projectos, objectivos, avaliação. Com estas palavras não se pensa já absolutamente nada. São puros conceitos vazios, vocábulos aprendidos mecanicamente nos livros de gestão e, como as frases do camarada Mao, repetidos insaciavelmente por tudo o que é sítio da esfera política e económica. O valor destas palavras é idêntico ao daqueles gestos que os jogadores de futebol fazem quando entram em campo (benzem-se e beijam o dedo, apanham um pouco de relva, etc.), nulo. São palavras mágicas, utilizadas ritualmente para mostrar que se pertence a uma congregação, fazem parte da superstição que governa a vida comunitária. Todos os que as utilizam não pensam nada com elas, repito. E onde não há pensamento, a acção definha, morre de pobreza, dá lugar a patologias sociais. Esta gente mata a política, a economia, a vida social. Não há paciência.
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