24/07/09

Insucessos

O já me enviou isto há dias, mas como tenho estado empenhado na nobilíssima tarefa de me auto-avaliar - uff, já concluí - não tinha ainda olhado para esta rábula dos "três tristes tigres". Por ali, não é só o inglês que tem um carácter técnico, também a pobre aritmética não parece lá muito consolidada. E a propensão para a verdade também não. Na confusão com os números, deixaram passar a ideia de que a bolsa a atribuir é igual a 3 abonos de família. Não é. É igual a dois, o outro já era um direito consagrado na lei. Pormenores. O que é grave é o discurso sobre o ensino profissional. Há menos insucesso e menos abandono. Claro que há. O grande problema é que muitos e muitos alunos só percebem isso depois de uma prolongada experiência negativa nos cursos secundários via ensino, para os quais não têm aptidão, nem interesse, nem vontade. Mas os governantes têm uma enorme responsabilidade nisto. Ao evitarem qualquer tipo de selecção, permitem que dezenas de milhares de alunos vão ao engano em cursos de línguas e humanidades (a maior parte deles odeia ler) e mesmo ciência e tecnologia. Alargar o ensino secundário profissional é uma boa política. O que não é boa política é continuar a permitir a alunos que não possuem qualquer aptidão para a via de ensino a matrícula nessa vertente do secundário. O insucesso escolar do secundário explica-se quase todo ele por isto. Para o combater nem era necessário tornar os exames provas para indigentes. Bastava um encaminhamento eficaz no final do 9.º ano, com selecção feita a partir de exames em todas as disciplinas essenciais do currículo do 3.º ciclo. Isto, contudo, não dá votos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo em absoluto.
Criou-se na sociedade portuguesa a estranha noção de ser preferível ser um medíocre mas no ensino superior a ser-se competente e profissionalizado ...
Aliás sei mesmo de vários jovens que tendo notas negativas nas áreas científicas durante o 3º ciclo, optaram pelas científicas para o secundário...
( dizem que tem mais saídas...)
Um sistema de ensino que não filtra está a falhar na sua função e a comprometer o futuro.