A caixa de Pandora ambiental
O grande problema das economias de mercado reside no ambiente. Este parece, até agora, um limite intransponível para a voracidade do homo faber. O modelo de vida que resulta do desenvolvimento económico das nações assenta na contínua subida do consumo, de forma a que se gere uma contínua subida da produção, o que origina riqueza e emprego, os quais produzem estabilidade social e política. Mas este aumento de produção implica o consumo sempre maior de energia. O nó górdio parece estar aqui. Ou o desenvolvimento da ciência e da tecnologia permite, em tempo útil, encontrar energias limpas e baratas (um desejo do tipo sol na eira e chuva no nabal), ou todo o modo de vida dos países ricos, emergentes e pobres terá de mudar drasticamente. É preciso compreender bem uma coisa: o consumo frenético e excessivo é o que permite às sociedades modernas e em vias de modernização subsistirem. Uma retracção da procura e uma prática generalizada da poupança seriam uma catástrofe social e política, com um desemprego incontrolável e a pauperização generalizada das populações. Por isso, pode-se perceber as reticências da China e da Índia em reduzir em 50%, até 2050, a emissão de gases com efeito de estufa. Agora que descobriram as virtualidades do capitalismo ocidental parece não estarem interessadas em partilhar os problemas que esse mesmo capitalismo traz. Aquilo que está em jogo, porém, é a possibilidade de, no futuro, ainda existir vida humana digna desse nome sobre o planeta, para falar à maneira de Hans Jonas. Nós, ocidentais, abrimos a caixa de Pandora e agora falta-nos poder para a fechar.
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