09/07/09

Metamorfoses LIII

Andrzej Panufnik – Sinfonia Votiva

ardeu a mesa onde cantaste o amor
a cinza é a deusa que resta
mais a vazia mão estendida para os varais
neles o tempo atrela a vida inteira

os jardins que foram os teus
são estranha propriedade –
exóticos senhores
cultivam frutos e flores
suspensos no delírio
que um dia te movera

nem vale a pena abrir para a desmesura
os olhos tomados pelo espanto
a história é uma herança de dissabores
e as flores da manhã sempre murcham
na infinita quietação da tarde

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