18/07/09

Metamorfoses LVI

Luc Ferrari – Harmonie du Diable

não há palavras que possam dizer a secura
que uma mágoa desenha num rosto
não há flores que cubram o entardecer
se o vento corre por cima dos túmulos

um viajante come pelas tabernas
– no sarro do balcão servem copos de vinho –
ali espera que a solidão chegue
para ir dormir onde a noite o acolha

sonha então as mágoas que são as suas
e olha as longínquos constelações
anunciam no esplendor do céu
a chaga que no peito rasga o inferno

1 comentário:

maria correia disse...

Este poema poderia pertencer a um ciclo de poemas do género Wintereise...faltaria encontrar quem os musicasse...o Emmanuel Nunes?
E com isto me retiro para o jardim. Salut, JCM!