Do estado de espírito ao carácter
O que distingue o PS do PSD? Sócrates esclarece: uma questão de atitude. O combate eleitoral está reduzido à escolha de um estado de espírito ou a uma inclinação psicológica. Sócrates conseguiu reduzir o velho Partido Socialista ao grau zero da política. Não é uma escolha entre projectos diferentes e alternativos, não é uma escolha entre diferentes interesses a defender, não. Segundo o secretário-geral do PS, há que escolher entre “quem tem confiança no país, vontade e ambição” e quem faz da “resignação, pessimismo e negativismo” uma “linha política”. O que Sócrates confessa, então, é que entre o PS e o PSD não há qualquer diferença, tirando o suposto estado de espírito que dá matéria à tal atitude. Mas perguntará o leitor e não haverá diferença entre o Estado social do PS e o Estado imprescindível do PSD? Tirando a formulação vocabular não haverá grande diferença. Aliás ambas as formulações são equívocas e, em última análise, idiotas. Não há Estado, seja mínimo ou máximo, que não seja social. Não há Estado que não seja imprescindível, tudo dependendo da pergunta 'imprescindível para quê?' Sócrates corre, porém, um risco. E se os eleitores em vez de quererem comparar estados de espírito, sempre passageiros e efémeros, preferirem comparar o carácter dos candidatos a primeiro-ministo, sempre mais estáveis e cristalizados?
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