10/07/09

Argumentos de autoridade

Por que razão será tudo tão mau em Portugal? Como é notório, sou um leitor atento e interessado no que escreve Vasco Pulido Valente. Mas a crónica de hoje no Público (sem link) é um exemplo da nulidade da opinião. Esta nulidade nem vem da matéria em questão, mas da forma como é apresentada. Trata da direita em Portugal e do mérito do CDS. O artigo apresenta quatro razões para o facto de a direita, neste caso o CDS, ser relativamente fraca em Portugal (1.ª - a falta de legitimidade democrática dos seus fundadores; 2.ª O não ter entrado nos governos provisórios pós-25 de Abril; 3.ª A passividade e o oportunismo que a ditadura incutiu na direita; 4.ª O carácter miserável e inigualitário do país ser adverso à direita. Até aqui tudo, apesar de discutível, é compreensível. O que é incompreensível é o corolário final. Cito: "Só que os tempos mudam e o CDS merece crescer. Esperemos que Paulo Portas consiga o improvável." VPV não apresenta um único argumento em que fundamente esta conclusão final. Explica a falta de mérito originário do CDS, mas não mais do que isso. Relativamente ao suposto mérito do CDS, apenas fornece um hipotético argumento: os tempos mudam. O facto de os tempos mudarem não justifica nada, nem o merecimento do CDS crescer nem o seu contrário. Isto não é sério. É apenas a expressão de um desejo, o que é uma característica do género literário a que chamamos "opinião". No entanto, faz parte da retórica desse género a apresentação de razões que justifiquem os nossos desejos apresentados como teses razoáveis. E VPV não o faz. A sua tese funda-se apenas na autoridade que ele próprio representa, portanto uma falácia. Isto não respeita os leitores.

1 comentário:

maria correia disse...

VPV emite muitas vezes «opiniões» à VPV sem conteúdo algum...a sua «hora de opinião» na TVI então não passa de um mero grito em uníssono com Manuela Moura Guedes contra o governo, em que repete vezes sem fim a mesma coisa: «Sócrates» e «o governo»...blablabla