08/06/08

Deixem os meus mortos

Deixem os meus mortos
cantar pela aurora
para que um deus oiça
e perdoe a demora.

Deixem os meus mortos
sem uma mensagem
que lhes lembre a nossa
penosa imagem.

Deixem os meus mortos
vaguear nos charcos
onde aves e rãs
deixam os seus marcos.

Deixem os meus mortos
caminhar na tarde
sobre as ruas vazias
da vã eternidade.

Jorge Carreira Maia, Pentassílabos, 2008

1 comentário:

Alice N. disse...

Lindíssimos versos. A merecer, de facto, publicação. Já estou a imaginar como seria o livro... Uma bela edição, à altura da qualidade dos poemas e, para completar a satisfação dos leitores, uns exemplares autografados. Pode ser?
:)