Exodus, um novo ciclo
Uma longa hesitação tem-me levado a adiar a postagem do ciclo Exodus, escrito em 2007. Uma arreigada convicção vê a prosa como a decadência da linguagem poética. A linguagem começaria por ser uma construção metafórica e com a vulgarização das metáforas surgiria a linguagem corrente, a prosa que os homens utilizam na comunicação, na reflexão ou na narrativa não poética. Se assim foi, e há gente como Nietzsche que o defende, a verdade é que nós nunca teremos acesso a essa linguagem primordial absolutamente poética e criativa. Somos homens de tempos prosaicos e da ruína da linguagem.
O exercício que tem o nome de Exodus parte destas constatações. Parte da situação de ruína e tenta elevar-se ao poético, sem talvez abandonar o chão prosaico de onde parte. O poético, se o houver, não é dado pelas estratégias habituais ligados ao ritmo, à métrica, à rima, à convenção técnica, mas a esta e àquela palavra que se libertam da sua natureza prosaica e ao jogo semântico que institui um universo em cada poema, digamos assim.
Exodus não descreve, todavia, universos existentes, nem é inspirado no livro bíblico com o mesmo nome, apesar de apresentar tantos poemas como capítulos existentes nesse livro, quarenta. Há também em quase todos os poemas uma pequena citação dissimulada de cada um dos capítulos, mas essas citações nem podem sequer ser consideradas pontes intertextuais. São jogos de adivinhação presos em universos que se chocam com aquele que habitamos. Mas tudo isto não passa de suposições de quem tenta libertar do magma da prosa uma palavra ou um mundo.
O exercício que tem o nome de Exodus parte destas constatações. Parte da situação de ruína e tenta elevar-se ao poético, sem talvez abandonar o chão prosaico de onde parte. O poético, se o houver, não é dado pelas estratégias habituais ligados ao ritmo, à métrica, à rima, à convenção técnica, mas a esta e àquela palavra que se libertam da sua natureza prosaica e ao jogo semântico que institui um universo em cada poema, digamos assim.
Exodus não descreve, todavia, universos existentes, nem é inspirado no livro bíblico com o mesmo nome, apesar de apresentar tantos poemas como capítulos existentes nesse livro, quarenta. Há também em quase todos os poemas uma pequena citação dissimulada de cada um dos capítulos, mas essas citações nem podem sequer ser consideradas pontes intertextuais. São jogos de adivinhação presos em universos que se chocam com aquele que habitamos. Mas tudo isto não passa de suposições de quem tenta libertar do magma da prosa uma palavra ou um mundo.
2 comentários:
Muitíssimo cativante este seu ciclo. Estarei atenta. Herberto Hélder faz isso. Mas JCM não lhe fica atrás. Tem é de editar...Esta coisa virtual é efémera...Parabéns! talvez seja o nosso próximo Super Poeta...Pelo menos, o É Hora já ouviu...
Demasiada bondade a sua. Para falar verdade, porém, julgo que ainda não chegou a hora, ainda se está nos ensaios.Muito obrigado, Maria, pela sua gentileza.
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