Exames, aferições e credibilidade
A política governamental na área da educação conduziu a um beco com uma única saída, a saída da equipa ministerial. A razão é simples: não há qualquer confiança social nos resultados das provas de aferição e dos exames nacionais. A questão está de tal maneira politizada que muita gente vê nas provas e nos resultados puros actos políticos e não o trabalho normal e independente da instituição educativa.
Pode vir o director do GAVE, Carlos Pinto Ferreira, acusar os críticos de nada saberem de avaliação (Público). Isto não é mais do que uma amostra do desespero que percorre as hostes, devido ao pouco crédito que possuem neste momento. Quem trabalha em educação sabe muito bem que não há reviravoltas de um ano para o outro. Sabe ainda outra coisa: o principal motivo das frágeis aprendizagens dos alunos encontra-se numa cultura que ostentam e que é inimiga do trabalho, do estudo e do esforço. Sabe também que essa cultura não mudou. Por que motivo mudaram os resultados?
Pretender, como a senhora ministra, que isso se deve aos planos (esta tentação sovietizante do plano é interessante) da matemática e da leitura é acreditar em milagres. Só um milagre poderia inverter, não ao nível de uma escola, mas do país os resultados de um ano para o outro. A única coisa que resta e que é explicação verosímil centra-se nas provas, no seu grau de dificuldade, nos critérios de correcção e na distribuição da pontuação pelos itens. Quem sabe um pouco de avaliação, de construção de provas, de análise estatística de resultados e de ponderação das cotações, percebe que é possível dar um jeito nos resultados. Mesmo que nada de errado se tenha passado, a desconfiança social instalou-se. Refira-se, ainda, um outro problema ligado a este: o da possibilidade de comparar resultados com anos anteriores. É preciso provar que as provas eram equivalentes, o que está muito longe de estar provado. Em última análise, quando se fazem comparações entre resultados para evidenciar êxito de políticas, nem sequer sabemos do que se está a falar.
Se houvesse algum interesse em assegurar a credibilidade das provas, dever-se-ia tê-las submetido a análise e auditoria independente. Agora, porém, é tarde e todas as análises que sejam feitas, por mais honestas que sejam, serão compreendidas como fazendo parte do jogo político que a equipa ministerial organizou. Este défice de credibilidade, e não interessa se ele corresponde à realidade ou a uma ficção, exigiria para o bem do país e do sistema educativo a demissão não apenas da equipa ministerial, mas também do director do GAVE, independentemente da bondade do seu trabalho. A excessiva politização da educação, promovida pelo governo como estratégia eleitoral, é nefasta para os alunos e para o futuro do país.
Pode vir o director do GAVE, Carlos Pinto Ferreira, acusar os críticos de nada saberem de avaliação (Público). Isto não é mais do que uma amostra do desespero que percorre as hostes, devido ao pouco crédito que possuem neste momento. Quem trabalha em educação sabe muito bem que não há reviravoltas de um ano para o outro. Sabe ainda outra coisa: o principal motivo das frágeis aprendizagens dos alunos encontra-se numa cultura que ostentam e que é inimiga do trabalho, do estudo e do esforço. Sabe também que essa cultura não mudou. Por que motivo mudaram os resultados?
Pretender, como a senhora ministra, que isso se deve aos planos (esta tentação sovietizante do plano é interessante) da matemática e da leitura é acreditar em milagres. Só um milagre poderia inverter, não ao nível de uma escola, mas do país os resultados de um ano para o outro. A única coisa que resta e que é explicação verosímil centra-se nas provas, no seu grau de dificuldade, nos critérios de correcção e na distribuição da pontuação pelos itens. Quem sabe um pouco de avaliação, de construção de provas, de análise estatística de resultados e de ponderação das cotações, percebe que é possível dar um jeito nos resultados. Mesmo que nada de errado se tenha passado, a desconfiança social instalou-se. Refira-se, ainda, um outro problema ligado a este: o da possibilidade de comparar resultados com anos anteriores. É preciso provar que as provas eram equivalentes, o que está muito longe de estar provado. Em última análise, quando se fazem comparações entre resultados para evidenciar êxito de políticas, nem sequer sabemos do que se está a falar.
Se houvesse algum interesse em assegurar a credibilidade das provas, dever-se-ia tê-las submetido a análise e auditoria independente. Agora, porém, é tarde e todas as análises que sejam feitas, por mais honestas que sejam, serão compreendidas como fazendo parte do jogo político que a equipa ministerial organizou. Este défice de credibilidade, e não interessa se ele corresponde à realidade ou a uma ficção, exigiria para o bem do país e do sistema educativo a demissão não apenas da equipa ministerial, mas também do director do GAVE, independentemente da bondade do seu trabalho. A excessiva politização da educação, promovida pelo governo como estratégia eleitoral, é nefasta para os alunos e para o futuro do país.
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