25/06/08

Manuel António Pina - Salve-se quem puder

Como já acontecera no 6.º e 9.º anos, também os exames de Matemática do 12.º geraram, segundo jornais e TV, insolúvel controvérsia entre os estudantes, incapazes de se entender sobre se a prova foi "muito fácil", "muito acessível", "muito básica", "muito elementar" ou apenas "superfácil".

O "óscar" vai para um atormentado aluno de Portimão que, ouvido pelo CM, declarou que a coisa chegou a ser "difícil por ser tão fácil". Outros, que terão imprudentemente passado o ano a estudar, estavam desolados: afinal, mais valia terem gozado umas boas noitadas em discotecas e no "Rock in Rio", pois - queixaram-se ao "Público" - foi "demasiado fácil".

Idênticas dúvidas afligiam os especialistas: para a Sociedade Portuguesa de Matemática, "grande número de questões (era) de resposta imediata e elementar", ao passo que para a APM, pelo contrário, eram "bastante acessíveis".

A ministra tinha prometido resultados e eles aí estão. Antes de abandonar o barco, e na iminência de naufrágio do "Titanic" das políticas educativas, o capitão manda lançar os botes à água gritando: "As estatísticas primeiro!".
[Manuel António Pina, Jornal de Notícias de 25/06/2008]

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