19/06/08

Corrupção e ostracismo

Quando leio certas coisas lembro-me dessa instituição ateniense a que não faltava grande sabedoria: o ostracismo. Dirão que não é muito democrático condenar o pessoal ao exílio. De acordo, mas quando se lêem coisas (Público) como as que diz essa sumidade que chefia a bancada parlamentar socialista, Albano Martins, a saudade daqueles tempos gloriosos torna-se violenta. O PS quer um Conselho de Prevenção da Corrupção para, diz a excelência, “detectar e prevenir” os riscos (sic) da corrupção. Parece que a polícia e a justiça têm mais que fazer, é preciso um conselho preventor. Para quê tal conselho? “Identificar as áreas mais vulneráveis à penetração do fenómeno”. Aliás, ninguém faz ideia de quais são, só mesmo o conselho é que nos salva. E a que mais pérolas temos direito? Esta é extraordinária: a proposta prevê “meios logísticos e aproveita as sinergias da administração pública, desde logo os inspectores-gerais da administração pública”. Quem utilizasse a palavra sinergia deveria ser condenado a um duplo ostracismo. Esta proposta socialista é o que se chama, por cá, andar a encanar a perna à rã. Temos mesmo de aturar isto? Vá lá, tragam as conchas de ostras e o pessoal vota.

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