19/03/08

Ricardo Reis - Odes - «Nada fica de nada. Nada somos»

Nada fica de nada. Nada somos.
Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da humilde terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.

Leis feitas, estátuas vistas, odes findas -
Tudo tem cova sua. Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, por que não elas?
Somos contos contando contos, nada.

Ricardo Reis, Odes

1 comentário:

jlf disse...

Ricardo Reis não era tão dado a esoterismos como outros "eus" do poeta!