Tudo acabará por se compor
É um tempo de trevas. A promessa da Primavera luta com denodo para se afirmar, mas os tempos de Inverno ainda se fazem sentir. Às vezes chove, outras surge aqui e ali a luz solar, a manchar de uma triste alegria as ruas que vejo da janela. A Primavera não o sabe, mas a sua precária vitória está já assegurada. O medo que ela sente dos tempos de Inverno são uma ilusão vinda de uma noite mal dormida. O seu inimigo, o único e real, ainda não o descobriu ela. Mas, nas manchas de luz, ele já se anuncia como o grande vitorioso, o Verão que virá. É nas garras agudas do calor que a Primavera entregará o espírito. Amanhã é dia de ressurreição e a natureza cantará esquecida da noite que acaba de atravessar, inconsciente daquilo que a espera. Permaneçamos em silêncio e olhemos da nossa quietude o rodar das folhas do calendário. No infinito que espreita, tudo acabará por se compor.
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