O silêncio da terra sombria – 14. Ave esquiva
Morre o pássaro indolente,
ave esquiva de asas
tecidas pela
mão que escreve.
Ali mesmo
onde a noiva, húmida,
abre o segredo sobre o altar,
a luva pendente entre lábios,
a voz escamada
como um bloco de azul
abandonado
na poeira da casa.
Sobre tudo isto caiu
o som das folhas de outono
quando os plátanos
entregaram a voz
à clemência do inverno.
[Jorge Carreira Maia, O Silêncio da Terra Sombria, 1993]
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