10/03/08

Os professores e os magistrados

Uma coisa que não teve o digno realce foi a posição do sindicato dos magistrados do ministério público. É muito importante esta posição e mostra, talvez pela primeira vez, que alguém compreende o papel dos professores dentro da soberania nacional. Como aqui defendemos várias vezes, os professores são os construtores contínuos da soberania, dos laços que sustentam a comunidade. Ora o que dizem os magistrados? Dizem coisas como esta: «a prática do Governo ao atentar contra a escola pública é apenas uma das faces de uma política que visa destruir o aparelho de Estado e privilegiar os interesses económicos dominantes». Ou esta: «a sistemática atitude do Governo de falta de diálogo e de respeito para com os professores não se diferencia de idêntica atitude que tem vindo a assumir perante os magistrados». E ainda esta: «[a atitude do governo] mais não reflecte que a tentativa de condicionar a autonomia e a liberdade de pensamento de corpos sociais capazes de reflectir».

Um dos traços da governação de Sócrates tem sido a afronta clara dos corpos que se ligam à soberania nacional. Onde a afronta foi mais insidiosa, para não dizer tenebrosa, foi ao professorado. O que une as várias actuações governamentais é uma tentativa de desvalorizar o papel desses corpos dentro do todo nacional, acusando-os de possuírem injustos privilégios, não reconhecendo o efectivo papel que têm na construção e defesa da comunidade política. O que está em jogo na política de Sócrates é a destruição do Estado, a sua fragilização e a entrega daquilo que é comum a interesses privados. Mas ao fragilizar o Estado é o próprio país que se torna mais frágil e inviável. Não é só o défice. É uma política que possui uma agenda oculta de destruição dos pilares da soberania, uma agenda de cariz anarco-liberal. Não era a ministra da educação, ainda nos anos 80, uma colaboradora da Ideia?

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