O silêncio da terra sombria – 21.
Tempo árduo o que espreita das ameias.
De cima, avistam-se os campos em volta,
a terra escalavrada, carcomida pelo estio,
um lago onde nascem bancos de areia,
barcos esmagados pelo peso da água,
a fortuna a rolar entre seixos.
Cansado, deito-me no vento da tarde
e entrego-me a um sono de ervas azuis
espalhadas nos interstícios do soalho.
Viagem após viagem o sol deixa um rasto
calcinado e o mundo, já morto, recompõe-se
na noite que galga as escadas do coração.
[Jorge Carreira Maia, O Silêncio da Terra Sombria, 1993]
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