A ministra na televisão
Acabei de ver a ministra da educação na televisão. É eficaz o estilo que utiliza. Quem não vive nas escolas parece-lhe a anunciação do céu. O problema é quem lá vive e conhece o que se passa. A senhora tem alguma tendência para desenhar paisagens utópicas. A melhoria dos resultados, por exemplo. Haverá algum professor que acredite que aos melhores resultados corresponde gente melhor preparada? De facto, é preciso validação externa. Mas mesmo os resultados dos exames não são fiáveis. A comparação só terá sentido se for feita por autoridades externas.
A senhora apagou três anos de tratamento abjecto por parte do ministério. Mas como a coisa está na massa do sangue, a abjecção continua. Quando diz que os professores estão revoltados porque ganham menos, trabalham mais e com piores alunos. Mais uma vez a senhora ministra desconsidera e destrata os professores. Vem dizer para a opinião pública que os professores protestam porque não querem trabalhar. Esqueceu a arbitrariedade do concurso para titulares, esqueceu a concentração do trabalho em aspectos meramente burocráticos, esqueceu o estatuto do aluno. Há um prazer sádico em humilhar as pessoas.
Por fim, uma nota para a rigidez de posições. O que a move é a fé e contra a fé não há razões possíveis. A vitória do eduquês em toda a linha. A escola pública estava muito mal, agora está moribunda.
A senhora apagou três anos de tratamento abjecto por parte do ministério. Mas como a coisa está na massa do sangue, a abjecção continua. Quando diz que os professores estão revoltados porque ganham menos, trabalham mais e com piores alunos. Mais uma vez a senhora ministra desconsidera e destrata os professores. Vem dizer para a opinião pública que os professores protestam porque não querem trabalhar. Esqueceu a arbitrariedade do concurso para titulares, esqueceu a concentração do trabalho em aspectos meramente burocráticos, esqueceu o estatuto do aluno. Há um prazer sádico em humilhar as pessoas.
Por fim, uma nota para a rigidez de posições. O que a move é a fé e contra a fé não há razões possíveis. A vitória do eduquês em toda a linha. A escola pública estava muito mal, agora está moribunda.
2 comentários:
Tem toda a razão, é eficaz o estilo que a senhora ministra utiliza. É o estilo da mártir, da salvadora da pátria, incompreendida. Houve alturas em que quase se pôde pensar: «mas esta pobre está cheia de razão, os professores é que estão MAL INFORMADOS e não entendem o que ela quer dizer...» E: «sim, sim, claro que é uma manobra política..» quando, quanto a mim, toda esta revolta e contestação é,de há uns anos para cá, a que nada de «partidarismo político» tem. O que não entendo é como pode esta senhora ter estudado sociologia...será que já leu o livro que o JCM recomenda, de Jean Pierre Le-Goff? Ou outros do género? Traduzi recentemente uma série de artigos de vários intelectuais e que sairá em breve, com o título Capitalismo Académico. Será que a senhora ministra o vai ler? Que cultura tem afinal esta senhora sobre o assunto que defende com unhas e dentes? Tem rosto e postura de mártir mas, no fundo, é arrogante. Ela é que sabe. Os milhares e milhares de professores e de cidadãos que a contestam e à sua política «não estão informados»! Nem sei como Judite de Sousa conseguiu ser tão branda na entrevista...Ah, teve receio de magoar ainda mais a mártir, a defensora dos professores, dos alunos e da escola pública...só pode ter sido...
Apoiado! Concordo completamente!
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