A minha primeira manifestação
Amanhã vou à minha primeira manifestação. Primeira? – Perguntarão aqueles que me conhecem. – Então e nos anos de 74 e 75? É verdade, naqueles anos participei, sempre aqui na zona – nunca me manifestei em Lisboa, por exemplo –, em algumas manifestações. Não muitas, até porque por cá nunca houve excessos. E, para dizer a verdade, aquilo não eram bem manifestações, eram mais procissões a um deus novo e desconhecido, um deus prazenteiro, umas vezes, impetuoso e um pouco arisco, outras. Mas manifestações, manifestações a sério aquilo não era, juro-o. Depois, acabou-se o meu interesse pela coisa. Assisti, mas não participei, ainda a uma manifestação em Madrid de apoio a Timor, mas para dizer a verdade aquilo parecia mais uma cerimónia religiosa. E é assim, com esta leitura truncada da realidade, que chego quase virgem ao dia de amanhã e lá me irei manifestar de forma concreta contra alguma coisa e a favor de alguma coisa.
Por que razão vou manifestar-me amanhã? Vou manifestar-me contra a irracionalidade e a burocracia, vou manifestar-me contra a destruição da profissão de professor. Vou manifestar-me pela autonomia verdadeira das escolas, e não aquela que pretende vergar as escolas aos interesses partidários locais, vou manifestar-me por uma avaliação sensata dos docentes, uma avaliação centrada na transmissão de saber, vou manifestar-me pela dignidade da profissão que é a minha e que está a ser impiedosamente destruída. Mas e fundamentalmente vou manifestar-me pelos meus alunos, os de hoje e os de amanhã. Vou manifestar-me porque julgo que eles merecem ter os professores ao serviço das suas aprendizagens. Vou manifestar-me porque os meus alunos não merecem ter em lugar de professores especialistas em eduquês, em gestionês ou em burocratês. Vou manifestar-me por uma educação que permita tirar o melhor de cada aluno. Se fosse apenas por mim, com tanta coisa interessante para fazer, nem punha lá os pés. [Desenho: Jacinta Gil Roncalés - Manifestación]
Por que razão vou manifestar-me amanhã? Vou manifestar-me contra a irracionalidade e a burocracia, vou manifestar-me contra a destruição da profissão de professor. Vou manifestar-me pela autonomia verdadeira das escolas, e não aquela que pretende vergar as escolas aos interesses partidários locais, vou manifestar-me por uma avaliação sensata dos docentes, uma avaliação centrada na transmissão de saber, vou manifestar-me pela dignidade da profissão que é a minha e que está a ser impiedosamente destruída. Mas e fundamentalmente vou manifestar-me pelos meus alunos, os de hoje e os de amanhã. Vou manifestar-me porque julgo que eles merecem ter os professores ao serviço das suas aprendizagens. Vou manifestar-me porque os meus alunos não merecem ter em lugar de professores especialistas em eduquês, em gestionês ou em burocratês. Vou manifestar-me por uma educação que permita tirar o melhor de cada aluno. Se fosse apenas por mim, com tanta coisa interessante para fazer, nem punha lá os pés. [Desenho: Jacinta Gil Roncalés - Manifestación]
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