Um traço de verde
Um traço de verde
na pedra de fogo,
um risco de âmbar
na face rugosa.
Assim, devagar,
geógrafo sou,
os mapas que faço
são mundos que nascem
da força do medo.
Por vezes, lamento
não ter na memória
a cor branca e póstuma
da tua solidão.
Mas quando te oiço,
se falas no monte,
descubro em ti
um rosto inquieto
batido p’la dor.
Ao cantares, tudo
porém se te abre
ardente no peito:
a voz, o calor,
o grito da terra e
também esta luz;
que força ela dá
ao âmbar do rosto
que triste esconde
a água, se a bebes
sentada no poço.
Jorge Carreira Maia, Pentassílabos, 2008
1 comentário:
Lindíssimo. Vá, envie lá tudo isso à Assírio e Alvim...
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