08/04/08

O admirável mundo dos bons selvagens

Não fora a perversão da sociedade, as crianças e adolescentes seriam adoráveis. Foi sobre este axioma que cresceu uma certa pedagogia que invadiu as escolas ocidentais, as desestruturou e as deixou quase indefesas. Muito se tem trabalhado para afastar as crianças da autoridade dos adultos, não vão elas ser contaminadas. Deixadas a elas próprias seriam adoráveis e sumamente sociáveis. Aliás é o que prova a notícia do Público, segundo a qual seis raparigas americanas, entre 14 e 18 anos, se entretiveram, com bondade, a espancar uma colega de 16. Dois rapazes, plenos de coragem e de bons sentimentos, assistiram impávidos. Eis a pedagogia do sucesso. Agora o assunto passou para as mãos da polícia, o que sempre é mais edificante.

1 comentário:

maria correia disse...

Já aqui mencionei o tal «mal instalado»...Em conversa com um francês, residente em Portugal, há um ano, director de uma empresa, cá, e pai de quatro filhos, perguntei-lhe, a propósito da violência nas escolas, da delinquência juvenil e desta insatisfação dos jovens que explode a cada dia que passa, se, em França, as coisas também iam assim actualmente. Respondeu-me: vocês, aqui, vivem ainda no paraíso. Em França já há escolas onde estão a instalar o mesmo tipo de máquinas que existem nos aeroportos para dtectar se os jovens entram com armas nas escolas! Todos os dias há professores agredidos, assaltos, roubos...perguntei-lhe então o que se passava, na opinião dele...ao que me respondeu: «A sociedade não criou perspectivas de futuro para estes jovens....chegam aos onze, quinze anos, e não vêem futuro à frente...sim sim, estudo e, depois? o que vou fazer? Trabalhar a um balcão? Nas obras? Trabalho precário? viver como o meu pai e a minha mãe, cheios de dívidas ao banco, à merceeiria, aos créditos?Já nem na mercceiria posso ir trabalhar porque os chineses invadiram tudo...então, e aquela casa de sonho que vi no filme? E o carro, aquela bomba que nunca poderei ter? E os ténis da Nike? E o telemóvel topo de gama do menino rico? Nós não criámos condições para o futuro destes miúdos...» Concordo perfeitamente com ele.