22/04/08

A morte de Francisco Martins Rodrigues

Estamos em maré de obituário. Agora foi a vez de Francisco Martins Rodrigues. Morreu esta manhã a principal figura das correntes marxistas-leninistas. Martins Rodrigues era, no início dos anos 60, uma das personagens mais eminentes do Comité Central do Partido Comunista Português. Com a cisão, no campo do comunismo internacional, entre russos e chineses, após a morte de Estaline, Martins Rodrigues foi a face portuguesa da tendência pró-chinesa. Abandonou o PCP em 1963 e fundou com João Pulido Valente, em 1964, o CMLP (Comité Marxista-Leninista Português). Este grupo origina os múltiplos grupos ml que enxameiam a universidade portuguesa nos anos 70 e que, após o 25 de Abril, vão originar a UDP e o denominado PCP-R. Martins Rodrigues, devido a um comportamento mais frágil perante a polícia política na sua última prisão, nunca surge como figura de primeiro plano político, mas durante muitos anos é ele o ideólogo e o estratega do campo político a que pertencia. A sua influência no PREC é muito maior do que se pode pensar. Quem, como eu, passou nos anos 70 por essa área política, sabe bem a forma reverencial como, na altura, era tido o nome, quase sagrado, de Francisco Martins. A sua morte vem já num tempo em que os delírios marxistas-leninistas-maoístas estão definitivamente mortos, felizmente.

Adenda: Pode-se consultar aqui e aqui posts sobre Francisco Martins Rodrigues no Blogue Estudos Sobre o Comunismo de José Pacheco Pereira.

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