Sobre pintura e desenho de Gustav Klimt - Treze
13 – Gustav Klimt - Insel im Attersee, um 1901 [Insel no Lago de Atter]
Treze
Quando o espelho se quebrou e as águas ondularam,
a luz filtrada do entardecer veio semear
frágeis cordilheiras na planície incerta que os olhos avistam.
Por ali caminhou o mestre perante o atónito olhar
dos discípulos e os pescadores lançaram as suas redes
para colher o trigo do mais branco e puro dos pães,
aquele que sobre a mesa as tuas mãos repartem
como se repartem as palavras em pequenas sílabas,
nelas ecoa o som que diz uma a uma as gotas do lago.
Se ali houvesse árvores ou um lume brando ardesse
na lonjura da planície, os barcos viriam trazidos
por remos e velas, e todos cantariam ao calor
canções de marinheiros e mulheres perdidas.
Se ali houvesse pedras ou céus azuis batidos
pela aragem, a primavera cairia do alto das montanhas
a espalhar pássaros pelos ares e um grito branco
no negro balcão onde te vejo servir a vida.
Se ali houvesse cidades ou uma neblina de dedos
a apontar o caminho, a sombra das águas
desvelaria o segredo que no fundo do lago
os peixes guardam da melancolia do mundo.
a luz filtrada do entardecer veio semear
frágeis cordilheiras na planície incerta que os olhos avistam.
Por ali caminhou o mestre perante o atónito olhar
dos discípulos e os pescadores lançaram as suas redes
para colher o trigo do mais branco e puro dos pães,
aquele que sobre a mesa as tuas mãos repartem
como se repartem as palavras em pequenas sílabas,
nelas ecoa o som que diz uma a uma as gotas do lago.
Se ali houvesse árvores ou um lume brando ardesse
na lonjura da planície, os barcos viriam trazidos
por remos e velas, e todos cantariam ao calor
canções de marinheiros e mulheres perdidas.
Se ali houvesse pedras ou céus azuis batidos
pela aragem, a primavera cairia do alto das montanhas
a espalhar pássaros pelos ares e um grito branco
no negro balcão onde te vejo servir a vida.
Se ali houvesse cidades ou uma neblina de dedos
a apontar o caminho, a sombra das águas
desvelaria o segredo que no fundo do lago
os peixes guardam da melancolia do mundo.
Jorge Carreira Maia, Sobre pintura e desenho de Gustav Klimt, 2008
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