27/04/08

Novos caminhos para o Zimbabué?

A recontagem de votos no Zimbabué confirma a derrota de Robert Mugabe e a vitória da oposição. Aquando da independência, em 1980, o Zimbabué, antiga Rodésia, parecia ter todas as potencialidades para ser um caso exemplar na África Negra. A radicalização, porém, de Robert Mugabe e a sua manutenção, desde 1980, no poder transformaram uma zona rica e próspera no país com a maior taxe de inflação do mundo (especialistas apontam para 100 000%). A política inicial de colaboração com os colonos brancos foi sendo substituída, ao longo dos tempos, por medidas arbitrárias e de perseguição racial. As eleições decorreram num país com uma economia completamente devastada pelo delírio ideológico de Mugabe. Veremos o que vai acontecer, como o partido de Mugabe e o próprio vão aceitar os resultados eleitorais e se vão comportar.

Curiosidade histórica: o Zimbabué tem uma ligação importantíssima à história de Portugal. Foi o pretexto do Ultimato britânico de 1890. Os ingleses pretendiam a retirada das tropas portuguesas no território, território integrado no chamado mapa cor-de-rosa (conferia a posse por parte de Portugal dos territórios que hoje constituem a Zâmbia, o Malawi e o Zimbabué) apresentado por Portugal na Conferência de Berlim (1884/5) e nunca reconhecido pelos ingleses. O Ultimato vai determinar a política portuguesa durante dezenas de anos. O republicanismo recrudesce desde então e conduz ao fim da monarquia em 1910. Também não deverá ser despicienda a contribuição do Ultimato na formação da perspectiva política de Salazar relativa ao problema colonial.

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