12/04/08

O vermelho e o negro

Há coisas que nos mostram que os tempos mudaram definitivamente. Não vale a pena esperar o retorno do mesmo. Durante toda a minha vida, e já passa dos cinquenta, nunca a Académica de Coimbra ganhou no Estádio da Luz ao ex-glorioso. Ganhou ontem. Eu nem consegui articular palavra escrita, guardei para hoje. A partir de agora converto-me à pós-modernidade e ao pensamento débil. Converto-me três vezes. Penso vermelho e só vejo negro à minha volta.

3 comentários:

maria correia disse...

esse pensar vermelho não deverá ter apenas a ver com o «glorioso», pois não? é que, sendo assim, eu diria penso «verde» e vejo tudo negro à minha volta, depois de o Sporting ter perdido em Alvalade com os não sei quê Rangers...contudo, o que penso, na verdade, cada vez mais, é vermelho, no sentido mais revolucionário da cor, ou negro...arvorando a velha bandeira anarquista. De facto, está tudo tão «negro», neste mundo em globalização galopante, que o mínimo que se pode fazer é desejar e lutar por uma nova ordem mundial...quase que concordo com Saramago quando ele diz que se vive um apocalipse; e com Chomsky que apela a essa nova ordem através de uma consciencialização...e da acção, nem que seja apenas pela palavra, vermelha e negra.

Jorge Carreira Maia disse...

Politicamente, depois dos furores juvenis, tinha-me ficado pelo cor-de-rosa, como o equipamento secundário do Benfica. Agora perdi definitivamente a cor. Descolori. Sobre o Sporting e o Benfica, a melhor coisa é fundirem-se e fazer o "Segunda Circular Futebol Clube". Talvez consigam, assim, ficar em 2.º lugar no campeonato...

maria correia disse...

Ora aí está uma boa ideia: o Benfica e o Sporting fundirem-se; ficariam com um equipamento vermelho e verde e, já agora, com uma ponta de amarelo; só para lembrar que Portugal ainda existe, afinal de contas, para combater a ideia de que hoje em dia já não há países, apenas corporações...(frase de Sidney Polack, no filme A Intérprete). A questão é humana, trata-se de humanismo, de respeito pelo homem; só assim consigo ver a política, na velha acepção (com P) de que tudo o que é humano é político. Não pertenço a partido algum. Serei sempre é pelos mais desfavorecidos, por aqueles que não têm dinheiro para ganhar em tribunal, por aqueles que repetem, miseravelmente, a vida dos pais, dos avós, até à exaustão, sem possibilidade de escape. A cor é simbólica. E contra as vagas negras da guerra e do terror, também ergo a bandeira branca, não da capitulação, mas da paz.