05/09/08

Obras malignas do tinhoso

Até parece que o “A Ver o Mundo” está por conta do Zé Ricardo, não está. Mas no sua crónica de hoje, no Jornal Torrejano, O Countryside, e quase a terminar, escreve: «Os portugueses falam muito na beleza do Minho. Do Minho? O Minho é horrível. Infestado de casas horríveis, anexos com chapas de zinco, sucatas lado a lado com couves galegas. A paisagem rural portuguesa foi invadida pelos horríveis eucaliptos, mato, baldios, e os nativos, aos fins-de-semana, entretêm-se a invadir os centros comerciais mais próximos

Este é o sentimento de desolação que se tem sempre que a paisagem natural é invadida pelos portugueses. Portugal tem uma bela paisagem, mas raros são os momentos em que não se aviste um barracão, umas chapas de zinco, casas por pintar, telhados multicoloridos e essa verdadeira instituição nacional que é o azulejo de casa-de-banho a atapetar as paredes exteriores das vivendas. Como diz o Zé, o Minho é horrível. De verde tem o vinho, mas a paisagem está cada vez mais catastrófica. Talvez com a excepção do Alentejo e de um ou outro sítio abandonado pelo progresso autárquico, tudo se tem tornado infamemente horrível.

Mas a poluição não é apenas visual, também é sonora. A Igreja Católica deveria ser processada por permitir que as suas igrejas, nomeadamente no Minho, mas não só, tenham substituído o velho sino de bronze por um artefacto mecânico, obra de um diabo de péssimo gosto estético. Depois, essa obra do tinhoso não se limita a dar as horas, e os tradicionais e bucólicos toque das trindades e das avé-marias. Agora, nem sei bem o nome, é uma reprodução de um cântico de Fátima, que está longe de engrandecer a virtude da Virgem, e que atanaza, à maneiro do maligno, os ouvidos do pobre viajante. Por cá não há countryside que resista à criatividade indígena.

Sem comentários: