Ó Magalhães, Magalhães...
O Magalhães é uma arma poderosa da propaganda do governo não porque seja quase dado ou porque confira à governação uma faceta tecnológica que falta ao país, mas porque está de acordo com o Zeitgeist. Numa sociedade cuja finalidade parece ser o retorno ao útero materno, os processos de infantilização social são sempre recebidos com manifesto agrado. Não há nada que mais se tema, hoje em dia, do que a seriedade de se ser adulto e, portanto, a leveza da infância é um desiderato, um passo crucial no caminho para dissolução intra-uterina. O Magalhães é o brinquedo perfeito acessível às grandes massas de pobres e semi-pobres que os governos ajudaram a fazer ou não evitaram que acontecessem. Sem Igreja nem o futebol credível ao domingo, ao poder político resta apenas a invenção constante de pequenos artifícios para manter a turba na infância a que aspira. Ó Magalhães, Magalhães, para que estava guardado o teu pobre nome…
Sobre este Magalhães ver aqui, aqui e aqui.
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3 comentários:
Jorge, estás absolutamente equivocado. Este Magalhães não representa qualquer homenagem ao Fernão que, coitado, passou-se para o lado dos espanhóis.
Este Magalhães, cá para mim, num partido autista e rendido ao poder das tecnologias só pode mesmo ser uma homenagem a um ex-cyberdeputado, autor de livros sobre a coisa, estrela ascendente na nomenclatura cor de rosa, elevado mesmo à categoria de secretário de estado. Faz sentido, não faz?
Claro que faz.
Tão espantoso quanto esta atribuição magnânime de tantos Magalhães, é o facto de se ter deixado passar, no telejornal já não sei de que canal, em horário nobre, a declaração de uma menina que, na sua infinita sabedoria, dizia que o «Magalhães é muito bom, porque, assim, já não precisava de cansar as mãos a....escrever...» com caneta e lápis, pois então. Pobres crianças, «porque lhes dais tanta dor, porque padecem assim?» dizia o Augusto Gil, na Balada da Neve...
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