Caminho na multidão de folhas mortas
Caminho na multidão de folhas mortas
e penso em todos os outubros
que haverá no silêncio do paraíso.
O sol será frio e apenas me aquecerá
uma aguardente de uvas maceradas
pela inconstância de tuas mãos.
Pergunto-te, na liberdade que há
em todos os paraísos, pelas cores
que tingem os céus e pelos cheiros
que se desprendem das destilarias.
Mas nada respondes,
fechado no silêncio a que deste
o nome de eternidade.
Um pouco mais tarde, levanto-me
e guiado pela flutuação do astro
sigo caminho, entre paredes de tijolo,
pisando o mosto que cada dia
deixa na senda por onde
não mais retornarei para colher,
sob a luz filtrada do entardecer,
rosas e bagas silvestres.
1 comentário:
Belíssimo quadro. Ao fundo, fica «a minha casa»...e o poema é belíssimo também. Publique, JCM, publique. Em livro. Envie os originais para a Assírio ou para as Quási Edições. Vá lá...
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