Hoje, aula de Filosofia de 12.º ano. Carteiras organizadas em «u», eu estou sentado na abertura do «u». A aula versava, para introduzir Platão, sobre algum pensamento pré-socrático. Começámos pelo fragmento de Anaximandro e continuámos por Heraclito e Parménides. Os alunos super-concentrados, desejosos de saber, exigentes com a prestação do professor. Nestes momentos, perante alunos assim, sinto um enorme orgulho na minha profissão. Esta é a verdadeira escola de sucesso e não aquela que nasce do milagre estatístico e da imaginação delirante dos governantes. Tudo nela é simples: o professor ensina, o aluno estuda, o professor tem de estudar mais para que o aluno aprenda mais. É isto que este governo, como os anteriores, destruiu. O que me está a acontecer não é a normalidade, é a excepção.
Hoje, aula de Filosofia de 12.º ano. Carteiras organizadas em «u», eu estou sentado na abertura do «u». A aula versava, para introduzir Platão, sobre algum pensamento pré-socrático. Começámos pelo fragmento de Anaximandro e continuámos por Heraclito e Parménides. Os alunos super-concentrados, desejosos de saber, exigentes com a prestação do professor. Nestes momentos, perante alunos assim, sinto um enorme orgulho na minha profissão. Esta é a verdadeira escola de sucesso e não aquela que nasce do milagre estatístico e da imaginação delirante dos governantes. Tudo nela é simples: o professor ensina, o aluno estuda, o professor tem de estudar mais para que o aluno aprenda mais. É isto que este governo, como os anteriores, destruiu. O que me está a acontecer não é a normalidade, é a excepção.
3 comentários:
São esses momentos (raros!) que nos vão permitindo manter alguma sanidade mental... Mas ninguém quer saber se o professor ensina bem, se se prepara devidamente e exige aos alunos "aprendizagens reais" (a expressão não faz aparentemente sentido, mas com o faz-de-conta que se instalou nas escolas, acho que tem pertinência). Hoje, a ordem é nivelar por baixo e passar todos os meninos, quer eles tenham tido aproveitamento, quer não (pelo menos, no Ensino Básico é assim).
Estive hoje numa reunião de quase quatro horas(!) para analisar documentos relacionados com a avaliação docente. É um desespero ver aquilo a que querem reduzir a nossa actividade. Das duas uma: ou o professor se rende, dá as notinhas que o ministério quer e é o máximo; ou resiste, continua a guiar-se por princípios éticos e sujeita-se às consequências. Eu quero resistir e continuar a achar um sentido para aquilo faço. O brio profissional e o gosto em trabalhar com os miúdos é tudo o que me resta. Não quero ter vergonha de mim própria e quero continuar a ter orgulho na profissão que abracei. Para isso, todos os dias, sou obrigada a remar contra a maré. E o caminho ainda é longo... Espero conseguir.
Por acaso não estás a precisar de um assistente?
JR
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