17/09/08

Do daltonismo na história

Mas que sabemos nós do rumo da história, que segundo uma lei que a lógica não compreende, que se move e muda de direcção no seu movimento, muitas vezes num momento decisivo, por causa de minudências imponderáveis, por uma mera corrente de ar quase imperceptível, uma folha que cai no chão, uma troca de olhares no meio de um grande ajuntamento! Mesmo em retrospectiva, não podemos saber como era realmente antes e como surgiu este ou aquele acontecimento mundial. O mais rigoroso estudo do passado não chega mais perto dessa verdade que a imaginação não atinge do que, por exemplo, a disparatada afirmação que uma vez ouvi a um tal Alfonse Huyghens, diletante que vivia na capital da Bélgica e há décadas se dedicava a investigar Napoleão, segundo o qual todas as convulsões causadas nos países e reinos da Europa pelo imperador dos Franceses se deviam somente ao seu daltonismo que o impedia de distinguir o vermelho do verde. Quanto mais sangue corresse no campo de batalha, disse-me o investigador belga, mais verdes lhe pareciam os campos. [Sebald, Campo Santo, pp. 19]
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Não falta por cá Huyghens. De daltónicos também temos o stock bem provido.

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