Os trabalhos do Papa Ratzinger
Bento XVI é dos poucos homens públicos europeus que vale a pena escutar. Há nele, apesar do ar seráfico com que compõe a sua personagem papal, uma urgência e quase um desespero. Por vezes, penso que essa urgência e esse desespero têm menos a ver com a religião católica e mais com a percepção de que sem o cristianismo a Europa deixará de ser o que é. Na visita a França, hoje iniciada, o problema da diminuição de católicos (80% nos anos 90 do século passado, cerca de 50% hoje em dia) terá, por certo, um enfoque religioso, mas o problema civilizacional não deixará de estar subjacente ao discurso de Ratzinger. O papa sabe perfeitamente que não há vazios religiosos. O ateísmo, o agnosticismo e a indiferença religiosa são apenas o compasso de espera onde outros valores religiosos crescerão e abafarão o cristianismo. Mas sem este, o que alimentará os valores que nasceram dele, como a liberdade?
Adenda: para ler o discurso de Bento XVI hoje no Palácio do Eliseu e perceber a sua preocupação civilizacional, clicar aqui.
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