Sobre pintura e desenho de Gustav Klimt - Sete
07 - Gustav Klimt - Tannenwald, 1901 [Pinhal]
Sete
Não há caminhos na floresta
nem folhas nas árvores, apenas a caruma
junca o chão, manchando de castanho
a erva jovem e verde. Flores silvestres
anunciam o dia e a difusa luz
mergulha num pântano de madeira.
Quando bravios passam os animais,
o vento sopra e levanta do chão uma poeira
tão negra que toca o fundo do coração.
O húmus leveda assim sob o peso da erva
como se a fonte da vida,
para à morte fugir, no seio da terra
tão só ficasse.
Não são luminosos os dias
na floresta húmida onde cresce
a madeira que fará a tua casa.
Vai pela manhã e marca uma a uma
as árvores que morrerão
para teres abrigo e cama
e calor no Inverno que chegará.
Não chores, olha como elas
se despem para o holocausto
e felizes estendem o tronco
às mãos do lenhador: da vida
as fará chegar ao calor
do que dizes ser
o sítio onde a tua sombra
se deita ao descansar.
nem folhas nas árvores, apenas a caruma
junca o chão, manchando de castanho
a erva jovem e verde. Flores silvestres
anunciam o dia e a difusa luz
mergulha num pântano de madeira.
Quando bravios passam os animais,
o vento sopra e levanta do chão uma poeira
tão negra que toca o fundo do coração.
O húmus leveda assim sob o peso da erva
como se a fonte da vida,
para à morte fugir, no seio da terra
tão só ficasse.
Não são luminosos os dias
na floresta húmida onde cresce
a madeira que fará a tua casa.
Vai pela manhã e marca uma a uma
as árvores que morrerão
para teres abrigo e cama
e calor no Inverno que chegará.
Não chores, olha como elas
se despem para o holocausto
e felizes estendem o tronco
às mãos do lenhador: da vida
as fará chegar ao calor
do que dizes ser
o sítio onde a tua sombra
se deita ao descansar.
Jorge Carreira Maia, Sobre pintura e desenho de Gustav Klimt, 2008
4 comentários:
Bonito, Jorge.
E.B.
Bonito, sempre...
Sabes que eu não quero ser anónio.
Obrigado também pela tua lucidez. Ou a nossa lucidez da filosofia.
Eduardo Bento
Viva Eduardo,
Então quando apareces lá pela escola? Apesar de tudo, aquilo ainda vale apena pela gente boa que por lá há. E apesar desta gente que nos governa, ainda fazemos coisas que eles nem imaginam. O Pipa montou uma excelente exposição sobre teatro. No 10.º ano, comecei a Estética com audição de música clássica (excertos de Wagner, Tchaikovsky, Pergolesi e Beethoven) e a miudagem ouviu calada, escreveu sobre o que ouviu e interpretou. Tu fazias o sermão do Vieira, o teatro emuitas coisas mais, como muitos outros. Mas nós somos uns camelos, não ensinamos nada, apesar de proporcionarmos a mais de 90% dos nossos miúdos contacto com coisas que só as «boas famílias» têm acesso. É isto que enraivece o ministério.
Um abraço,
JCM
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