Do apocalipse ao monstruoso
A memória colectiva tem razão ao reter o mês de Agosto de 1945, com as suas duas explosões atómicas sobre as cidades do Japão, como a data do apocalipse físico, e o mês de Fevereiro de 1997, em que foi tornada pública a existência de uma ovelha clonada, como a data do apocalipse biológico. São efectivamente duas datas chave no processo do ser humano contra ele mesmo, duas datas que provam que o ser humano não pode ser, agora mais do que nunca, concebido a partir do animal. Mas elas provam também que o «homem» – permaneceremos, até nova ordem, neste singular problemático – não existe sob o signo do divino, mas do monstruoso. Com a sua técnica avançada, o homem fornece uma prova de si mesmo que descai imediatamente para uma prova da monstruosidade. [Peter Sloterdijk, La Domestication de l'Être. Mille et Une Nuits, pp. 34]
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